Série Dexter – Jeff Lindsay

(Foto: Divulgação)

Autor cria um psicopata tão carismático que você vai torcer por ele

Olá pessoal do blog, tudo bem? Faz um tempo que não apareço por aqui, mas decidi voltar fugindo um pouco dos romances e trazendo para vocês a resenha sobre a série de livros Dexter, do autor Jeff Lindsay. A história de Dexter ficou muito conhecida com a série do canal ShowTime protagonizada por Michael C. Hall (que eu amo, apesar do final), mas poucas pessoas sabem que tudo isso veio de uma série de livros.

É interessante ressaltar, porém, que a série e os livros têm histórias um pouco diferentes. A atração é INSPIRADA nos livros, mas fez as mudanças necessárias para a TV. Aqui vamos analisar a escrita de Jeff Lindsay sobre esse psicopata que todo mundo ama.

Conhecemos o protagonista em Dexter – A Mão Esquerda de Deus, publicado no Brasil em 2008 pela Editora Planeta. Dexter é um perito forense, com uma vida comum em Miami: tem sua rotina de analisar amostras de sangue, tem seu apartamento de solteiro e convive com sua meia-irmã Debra. No entanto, quando a noite cai, Dexter sai em sua caçada por criminosos e bandidos que escaparam da lei e os mata. Mas não de forma “usual”: Dexter os executa, corta seus corpos em pedacinhos e os joga em uma corrente marítima. Assustador, não é?

Apesar disso, o grande mérito do autor é criar um personagem tão carismático que, sim, você vai torcer para a vitória desse psicopata. Acho que isso diz algo sobre a humanidade... Rsrsrs.

(Foto: Editora Planeta)

Com o desenrolar da trama descobrimos que Dexter não faz o que faz de forma gratuita: ele tem uma necessidade de matar, um Passageiro Sombrio que domina parte de seus pensamentos e surgiu a partir de um grande trauma de infância. Quando tudo aconteceu, Dexter foi adotado por Harry, pai de Debra, e um policial exemplar. Ele percebeu aos poucos o trauma no garoto, e como aquilo poderia transformá-lo em um criminoso. Ao invés disso, Harry criou um código, que permitia que Dexter conseguisse alimentar sua necessidade macabra matando apenas bandidos, que Harry viu a vida toda se safarem da justiça.

Muitas discussões podem ser colocadas aqui, como qual é o direito de alguém dar a sentença de morte ou não. O próprio subtítulo do primeiro livro – A Mão Esquerda de Deus – tem muito disso: como trabalha na polícia, Dexter tem acesso a vários arquivos e pesquisa bastante antes de escolher suas vítimas. Seu maior pavor é matar alguém “inocente”. Mas quem decide o que é inocência ou não? Se alguém cometeu um crime, em uma decisão errada da vida, ele merece morrer? São discussões verdadeiramente interessantes, que o autor consegue colocar ao longo de toda a sua escrita.

Outro ponto interessante dos livros é como Lindsay consegue nos colocar dentro da cabeça de um psicopata: Dexter é extremamente metódico, irônico, cativante e falho. No começo, o personagem é tão marcado pelo que lhe aconteceu, que se sente desprovido de emoções. Ele namora, mas apenas para manter uma fachada. Não tem vontades sexuais, ou de grandes prazeres além de uma boa comida de Miami. Ele chega a dizer que só consegue realmente sentir algo por sua meia-irmã, que é policial igual ao pai e trabalha com ele. Mas isso muda com o decorrer dos livros. Dexter passa a sentir algo por sua companheira Rita e por seus filhos, e ele mesmo vira um pai preocupado com o futuro da criança, para que ela não tenha o mesmo Passageiro Sombrio que ele tem. Isso, no final das contas, transformou o personagem de um monstro frio, para alguém comum, com medos comuns de todos nós. 


(Fotos: Editora Planeta)

Os primeiros livros (A Mão Esquerda de Deus, Querido e Devotado Dexter, Dexter no Escuro) são bem melhores em comparação com as demais publicações da série, que tiveram tramas mais rasas e, muitas vezes, levando o personagem a contradizer coisas de sua personalidade (como Dexter: Design de um Assassino, Dexter é Delicioso, Duplo Dexter e Dexter em Cena). Lindsay encerrou a história recentemente com Dexter Está Morto, que ainda não terminei de ler, mas parece ter voltado um pouco da essência da série: explorar a mente desse personagem tão cativante.

(Foto: Editora Planeta)

No final, Dexter é uma série de livros completamente interessante, que realmente explora como o cérebro humano pode se comportar diante de traumas e tragédias. Se você gosta da série, posso dizer sem nenhum receio, você conhece apenas uma pontinha de quem é esse personagem e os livros vão te proporcionar uma experiência única.


Espero que tenham gostado do texto dessa semana e nos vemos em breve. Abraços!

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