Até o Fim do Mundo - Tommy Wallach

Imagine receber a notícia de que a sua vida e a de outras pessoas estão ameaçadas e confinadas à morte devido a um asteroide em rota de colisão com a Terra. Esse não é um daqueles avisos que você espera receber um dia, no entanto, foi justamente isso que aconteceu no livro Até o Fim do Mundo, escrito pelo músico e escritor, Tommy Wallach. 

Nesta trama iremos conhecer quatro adolescentes que viram suas vidas encurtadas diante de uma trágica notícia: um asteroide, Ardor (ARDR-1398) como foi chamado, tem 66,6% de chance de atingir a Terra e acabar com boa parte da vida como conhecemos. A partir deste momento, uma busca por seus verdadeiros Eu começa, assim como o caos nas cidades, como mortes, assaltos, incêndios criminosos, saques em comércios, abandonos e a busca da união de familiares durante esse curto intervalo de tempo. Porém, se não fosse esse acontecimento, eles provavelmente jamais iriam se tornar amigos, apesar de todos estudarem na mesma escola, a Hamilton, localizada em Seattle. Alguns valores irão ser colocados no chão e outro irão ser impostos na vida de todos, seja o amor, a amizade e até mesmo o ódio, fazendo muitos repensarem as suas ações e escolhas diante da morte.

Até o Fim do Mundo foi uma daquelas leituras que te surpreende logo nas primeiras páginas, mas ao mesmo tempo é um daqueles livros que você mantém uma relação de amor e ódio. A trama em si carrega um grande potencial filosófico, uma vez que, em certos momentos, ela nos faz pensar acerca de algumas questões pertinentes do nosso cotidiano, como a vida, a morte, os valores individuais e coletivos, dentro outras coisas. Entretanto, muita dessa potencialidade que vi não foi totalmente aproveitada, já que em um certo momento a história acaba adentrando um plot um tanto quanto exaustivo e que não acrescenta em nada na experiência como leitor. Não que isso tenha sido um ponto negativo, pois entendo a devida necessidade do autor em mudar um pouco o tom naquele momento, assumindo assim o romance, que aqui se fez na figura do famigerado triângulo amoroso, o que pode ou não irritar algumas pessoas. 

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a ideia deste livro não é mostrar o caos em si, mas pontuar questões simples do dia-a-dia e que podem ou não serem intensificadas diante de uma tragédia. Desta forma, Tommy estrutura boa parte da sua história sob os pilares de pensamentos como: tentar fazer a diferença, você pode tomar suas próprias decisões, escolher seus caminhos e não deixar a vida escolher para você, dentre muitos outros que nos fazem pensar sobre nós mesmos. Apesar disso, ele ainda consegue mostrar para o leitor a dimensão do caos instalado nas cidades, focando mais em Seattle, cidade onde a trama se passa, expondo as situações políticas e de sobrevivência, como a racionalização de recursos alimentícios e de combustíveis, a implantação da Lei Marcial e algumas regras a serem seguidas pela população. 


Algo que chamou bastante a minha atenção foi o desenvolvimento dos personagens principais e alguns secundários, que foi feito de uma forma tão rica que ficou impossível não sentir seus dramas. Suas personalidades são extremamente contrastantes. Peter é um atleta que passa a refletir sobre seu futuro e suas escolhas. Eliza é uma fotógrafa excluída do meio social devido a um acontecimento envolvendo ela e Peter, o que, juntamente com a doença do pai, deixou-a mais dura e entorpecida. Andy, por outro lado, é uma daquelas pessoas que não ligam para o dinheiro, fazendo o que bem entende e sendo um pouco revoltado com a vida. Anita (a que mais gostei), cujo sonho era ser cantora e independente, vê seus sonhos sendo quebrados pelos seus autoritários pais, principalmente seu pai que a vê como mais um de seus investimentos, por isso ela segue a linha "certinha de ser" e tudo que ela fez até o momento foi para dar um retorno aos investimentos do pai. 

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