O Livro de Sangue e Sombra - Robin Wasserman

Nora Kane achou a perfeição em meio ao caos. Desiludida e solitária ela travava uma guerra silenciosa com sua família e o meio ambiente escolar. Ao conseguir uma bolsa integral, por seu amplo conhecimento em Latim, Nora passa a estudar na academia Chapman - escola muito conceituada em uma cidade de mesmo nome localizada na Nova Inglaterra. No novo colégio, Nora conhece Cris, Adriane e Max, e a vida volta a ser significativa, mesmo que com pequenos detalhes obscuros. Em seu último ano, a pedido de Chris (agora já na faculdade), ela se envolve em um projeto de linguística que busca descobrir e traduzir o Manuscrito Voynich através das cartas de Edward Kelley e Elisabeth Weston, e é quando Nora se aproxima de Max - o estranho colega de quarto de Chris. A felicidade atinge o ápice quando o envolvimento se torna amoroso, o trabalho uma paixão, e é exatamente neste ponto onde tudo desmorona, começando pelo assassinato de Chris.

Meu interesse inicial por esse livro era a sua semelhança com a coleção de "suspense-histórico" de Dan Brown, apesar da trama relativamente juvenil, ela têm um ótimo desenvolvimento, guardando algumas surpresas (um pouco óbvias e outras nem tanto), e tornando o livro e a autora muito promissores.

Nora é uma personagem palatável - explicando através de comida (por que essa é sempre o melhor tipo de metáfora), é como comer algo gostoso que provoca várias sensações agradáveis e estranhas na boca, mas que não sabemos ao certo se gostamos e ou queremos repetir a dose. Introvertida, irônica, ácida e temperamental ela guarda um tipo de doçura incompreensível, delicada, triste, mal compreendida e solitária ela me parecia ter uma dupla personalidade mesclada, foi um dos pouquíssimos casos, onde um autor conseguiu me convencer da dualidade de uma personagem de forma completa e realista, sem parecer forçado, estereotipado, ou alegórico. Suas atitudes durante o livro, ações e sentimentos, apresentavam previsibilidade, mas que não deixou de surpreender, é difícil explicar sem entendê-la de fato, e sem apresentar spoilers.
Chris, que se torna praticamente um talismã durante a trama, é a personagem mais desinteressante e comum, e apesar dos grandes sentimentos de Nora por ele, ela apresenta tantas relações intrincadas durante a trama, que a história dele, apesar de nos entristecer, não cativa. Adriane, Max e Eli são igualmente extraordinários e multifacetados - como nossa protagonista. Não posso revelar muito sobre eles, só comentar que Robin ganhou minha admiração por formação de personagens intrincados (não tão profundos), mas muito interessantes. 
Foi uma surpresa deliciosa, superou minhas expectativas apesar de não explodi-las. A trama é bem criativa e distribuída, reunindo elementos históricos reais, romance, ação, suspense e drama de forma congruente e interessante. A comparação com Dan Brown faz sentido, mas apesar de se tratar de gêneros relativamente parecidos, os objetivos e relações da trama são diferentes e isso muda totalmente o livro. Para os leitores, a apreciação depende muito do seu próprio objetivo ao ler o livro e é muito provável que O Livro de Sangue e Sombra gere opiniões extremas (o velho 8 ou 80).

Em minha opinião, como leitora ávida de Dan Brown, o livro é ótimo mas com ressalvas - por ex, a finalização, não o final da trama em si - ela foi concluída, mas a sensação geral (nossa e da protagonista) é de uma leveza incomoda, liberdade forçada? Não sei, estou divagando, alguém que já leu sentiu o mesmo que eu?Que a história não terminou de fato, mas que deixamos de participar dela e que a situação geral dos personagens a partir dalí era um mistério? De qualquer forma a autora tem minha atenção! Me diverti, senti e vivi o sonho dela nesse livro, e isso é tudo o que importa.

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